quinta-feira, 11 de junho de 2009

My 1st post




À distância os observo. Classifico tamanha exposição como, no mínimo, desnecessária. A esfera pública degradada em seu strictu sensu espacial nos convida ao arrefecimento social e ao consequente distanciamento da comunicação face a face. Mas, ainda assim, vejo o blogueiro como um solitário, psicaliticamente minorizado, que não se vê representado e logo pressionado a extravasar frustações, como se estivesse em um confessionário às avessas, num parlatório sem quorum ou ainda, num divã, verbalizando idiossincrasias a um interlocutor invisível. Neste primeiro post - mais um neologismo globalizante que integra um lexico que sustenta esta interface de códigos linguísticos que é a grande rede...tenho muito a incorporar ao meu pobre lexico lusofônico e instrumental - depois de convecido pela minha inconsciência, sinto-me um diletante debutando, com direito a friozinho na barriga e tudo, alocado em um outro estágio da minha psique, no qual além de assumir a existência do alterego da representação social, presente neste grande palco hiperreal que se transformou nossas vidas, posso expor(-me) impressões pessoais verbalizando-as sob a forma de signos linguisticos. O que se configura em exercício não raras vezes instigante e, ainda, despir-me da intenção de magoar, impressionar, decepcionar, dissimular ou atingir ninguém. Estou maravilhado com esta possibilidade.


Não que não haja uma série de seres interessados exclusivamente em subjugar a riqueza desta experiência, reduzindo-a à celebrização de sua personalidade e de seus gostos. Aí sim, a inutilidade deste mecanismo se faz clara e presta um deserviço ao nosso adiantamento. Não que eu queira aqui julgar pura e simplesmente comportamentos, mas penso que devíamos nos valer do instrumental que a rede dispõe de maneira mais íntegra e não apenas reproduzir o que absorvemos denotivamente. A transcendência conotativa é fundamental para a linguagem constitutiva da rede e este viés psicanalítico expresso nos blogs muito me agrada. As diversas maneiras de enxergar e sentir o mundo. Multiplicidade de olhares que suscita o desejo de encontrar pessoas e não, cada vez mais, se afastar delas. Talvez este seja o ponto. Imaginar um interlocutor, mesmo que este seja invariavelmente você mesmo e vivificar o discurso obscuro de nossas almas e mentes inquietas, pululantes, desgostosas. Dar vida ao que poderíamos ser. Se ainda quisermos.


Viver sem tempos mortos, afamada concepção existencialista, não implica necessariamente em gozar de instabilidade emocional, financeira, profissional, mas sim na capacidade de se transformar, de buscar nas entrópicas crises a resignificação de si mesmo. Entender as possibilidades de revisões idiossincráticas que o blog possibilita como a panacéia ou o bálsamo para a escravidão político-filosófica a nós imposta, na qual a idéia é preterida pela imagem, talvez seja um exagero. Mas, para uma primeira experiência... sinto-me bem melhor agora.

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