terça-feira, 18 de agosto de 2009

Strange Fruit


Pixinguinha


Menino bom, Pizindim. Alfredo da Rocha Viana Filho cresceu ouvindo os genitores barbeiros do ainda guri chorinho em sua casa. Seu pai, músico, tinha por costume reunir os convivas das redondezas, Irineu de Almeida, Quincas Laranjeiras, Pinguça, Cândido Trombone e outros para aquela curtinha, alvinha do bate-papo. O garoto Pixinguinha e seus irmãos apenas observavam. Crianças são sugestionadas pelo meio em que vivem e suas aptidões seguem o fluxo. O texto musical transformara a família de seu Alfredão em cordas, sopros, batuques; teatros, circos e cinema.

Apresentações na Lapa de baixo com apenas 16 anos além de performances nas grandes emissoras radiofônicas da época eram comuns, mas nada como o cordão dos carnavais e as charangas das quais fazia parte, animando os foliões que gentilmente acotovelavam-se em tempos de folguedo popular de fato.

Chico Dunga, como também era chamado, teve a oportunidade de ser patrocinado por um milionário da época, Orlando Guinle. O bacana bancou turnê ao exterior dos Oito Batutas, grupo que Pixinga formara com Donga, China, Nelson Alves e outros figurões que perpetuariam a linguagem do samba-choro que hoje conhecemos. Apresentaram-se em importantes nações européias com direito a temporada de seis meses em Paris. Consagração e muito trabalho os esperavam no Brasil, pra onde voltariam e de onde nunca mais sairiam. Da infância humilde em Catumbi ao suntuoso teatro Dancing Schérazade em Paris, Pixinguinha, rebento de ventre livre, traçou sua trajetória com a singeleza do verso mais afamado do tema mais executado de nosso repertório popular, Carinhoso, que foi cantado em coro por duas mil vozes em seu sepultamento, a 17 de fevereiro de 1973: “Meu coração, não sei porquê, bate feliz, quando te vê...”

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