
Agenor não. Muito prazer, Angenor de Oliveira, seu criado. Satisfação. Sou nascido no bairro no Catete, mas antes de completar minha primeira década de poesia mudei-me para as Laranjeiras. Logo passei a freqüentar o morro, lugar de gente simples, trabalhadeira, de onde não mais me afastaria. Até tentei estudar, mas o cavaco e suas minguadas quatro cordas, além do trigueiro violão, só permitiram que eu terminasse o primeiro grau.
De mais a mais, quando tinha quinze anos minha santa mãezinha veio a falecer. Gota d’água para a boemia. Minha profissão? Tipógrafo, lavador de carros, pedreiro. Aliás, das obras dos homens veio este meu apelido. Cartola para proteger o cabelo penteado do cimento que suja e o endurece ainda mais. Mas o que gosto mesmo é de samba. Ao lado de meu mais constante parceiro – e os verdadeiros se contam nos dedos de uma mão – Carlos Cachaça, fundei o Bloco dos Arengueiros, que mais tarde, contando com a força da rapaziada dos outros blocos da comunidade, transformara-se na mais importante escola de samba do mundo – pois se é do Brasil é do mundo – Estação Primeira de Mangueira, minha paixão. E veja você, fiz questão de dar nome e cores, magia verde e rosa.
Já fiz muita coisa nessa minha vida, até de radialista já joguei. Advinha qual era o nome do meu programa? A voz do morro – homônimo do grupo que formamos anos depois, Zé Keti, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros e eu – no qual só eram apresentados sambas inéditos, ainda sem título. Os nomes eram escolhidos pela audiência. Tudo idéia dela. Impossível passar por mim e não ver o meu amor. Eusébia Silva do Nascimento, a minha Zica. Daí o nome Zicartola. A humilde bodega que montamos serviu de palco para o namoro entre morro e asfalto depois que aquela moça, a Nara Leão, passou a freqüentar as cercanias. A malandragem agradece.
Mesmo com um sem-número de sambas compostos fui gravar meu primeiro disco solo eu já tinha 66. Tem nada não, foi até bom, o tempo é senhor. Hoje choro de alegria e não disfarço, pois minhas cordas de aço hão de fazer o sol brilhar mais uma vez. Corra o olha o céu.
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